30 de outubro de 2021

Degenerate beauty queen




Muitas coisas aconteceram. 


Sempre ando por aqui lendo os blogs de vocês, mas eu nunca costumo de fato voltar a escrever - como um fantasma silencioso que as acompanha e apenas observa de longe, só que hoje... eu decidi reencarnar. 


Odeio a forma como a faculdade me encaixotou e tudo precisa de um momento certo pra acontecer; a hora acerta de escrever, a hora certa de voltar, a hora certa de morrer, a hora certa de se expressar. Irritante demais, era como se a minha criatividade estivesse morrendo, assim como eu - aos poucos e dolorosamente. 


Durante a pandemia estive no fundo do poço, perdendo a cabeça sob um burnout depois da minha fase extremamente produtiva. Desrealização e depressão tomaram conta, achei que tinha morrido mesmo sentindo o coração pulsar


Foi em meados de Março que tudo começou a mudar. Um amigo, o renascentista, me deu um conselho: "mantenha o corpo funcionando do jeito que deveria funcionar e as coisas vão começar a dar certo". Então eu comecei com pouco, colocando o pé pra fora e caminhando às vezes e depois de um tempo o ritmo estava mudando. 


O controle não precisa ser tomado de uma vez, mas os esforços precisam ser constantes e lineares. Assim eu emagreci uns 10kg de lá pra cá. Infelizmente o espelho ainda só me mostra banha e gordura mas os números não mentem. E embora eu esteja gorda, 10kg ainda são algo. 


Agora, finalmente estou aqui como antes, funcionando como deveria e votando ao lugar onde deixei o meu coração. Anotando idéias da forma como elas vêm a mente e tentando libertar os sentimentos reprimidos que me sufocam. 


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Desde a última vez em eu estive aqui, tinha muita coisa acontecendo.


Me mudar de cidade não foi tão difícil. Não tinha 

ninguém se reunido pra uma despedida, não tinha ninguém que me pediu pra ficar ou dizer que sentiria minha falta. Eu fui embora sem olhar pra trás. 


O lado bom: É fácil viver na nova cidade, não demorei pra me adaptar. 


O lado ruim: ainda moro com a minha mãe. E isso é muito estressante. 


Por incrível que pareça, a minha mãe não pega mais tanto no pé sobre o que eu como, igual a antes, mas meu padrasto continua um pé no saco neste quesito. 


Na parte acadêmica, estou no último semestre e logo vou me formar. A apresentação do tcc é uma das coisas que me preocupa, a pandemia não alterou apenas o meu peso mas também fodeu muito o meu psicológico. Além da ansiedade que era passageira, agora eu tenho uma fobia social que me afunda. Por incrível que pareça ainda tem gente que acredita em mim, meu professor me indicou para o mestrado e me disse que eu seria uma excelente pesquisadora. Então, lá vamos nós. 


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Apesar de não escrever, não estava fora da comunidade de Transtornos Alimentares. E foi ao participar de tudo isso que eu percebi como as coisas mudaram. 


Hoje em dia não tem mais essa coisa de Ana e Mia, é até considerado meio "cringe". Elas não costumam romantizar o t.a. como uma deusa, uma amiga que te guia atravéz da jornada de autocontrole. 


O t.a. é um monstro te comendo vivo. 


E eu não discordo disso. Mas acredito que seja por isso que é meio difícil perder peso, pra essas pessoas.


Quando você encara passar fome como um privilégio, ao invés de um fardo, as coisas ficam mais leves e a perca de peso vem como a melhor recompensa do mundo, é viciante. Você se prende numa ilusão onde a  "Ana" não é um monstro, mas sim sua melhor amiga.  


Monstro ou amiga. 

Ilusão ou não.

 

A única certeza é que ela nunca vai embora. 

8 de março de 2021

Have I lost myself? Or have I gained you?

#Notas

As pessoas sempre dizem que estão cansadas, que estão no limite - e mesmo assim continuam. Dão mais um passo, vivem mais um dia e dormem mais uma noite. Eu não esperava passar de 2016 e mesmo assim estou aqui, agora, muito além do limite. 

Meu estômago doí e a fome corrói o meu interior. Depois de tantas horas parece ser o meu limite. 

Mas limites nunca significaram muita coisa.

Então eu continuo.

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Enquanto procuro por inspirações consigo perceber que ao invés dos textos longos e das escritas elaboradas, o que brilha em minha tela são fotos de idols e as frases curtas. A comunidade não morreu, mas ela mudou. E às  vezes eu me pego pensando em tentar interagir mais e deixar de ser apenas uma borboleta solitária, mas a ideia de influenciar alguém me aflige. Durante inúmeras ocasiões eu me pego questionando se as coisas que escrevo são de mal gosto, embora sejam apenas uma forma de desabafar.


Pensamentos doentes, de uma pessoa transtornada. 

Não deveria ser levado a sério, pelo menos não desse jeito. 


Vez ou outra, a foto de alguém que conheci através por aqui passa pelo meu feed no Instagram. Costumávamos nos dar bem, porém quando ela entrou em Recovery anos atrás eu fiquei com um pouco de medo dela desistir. Apesar do carinho imenso que ainda tenho, acabamos por nos afastar.

Athena, se por um acaso estiver lendo isso, você está ótima e me orgulho de você. 

Mas depois de tanto tempo, tenho quase certeza de que não está por aqui. 

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Estou bem perto da segunda meta, também irei me mudar de casa em breve. 

Muitas coisas estão acontecendo. 



28 de fevereiro de 2021

Take a bite of me

Notas.

Minha mente costumava ser mais barulhenta. Pensamentos caóticos que antes persistiam por noites dissipam num silêncio completamente repressor. Com uma existência tão vazia quanto os meus propósitos, doce ilusão fabricada para os outros consumirem. 


Enjoativamente açucarado.   



Acho que apodreci. 

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A voz daquela que é tão amada e odiada sussurra aos meus ouvidos, dessa vez mais alto. O fantasma que eu jamais esperava voltar, mesmo que quisesse com todas as minhas forças - agora me acompanha em todos os momentos. É realmente reconfortante.

Dias atrás atualizei a aba de metas com meu peso atual, e é oficial, eu estou obesa. Mas dessa vez sem medos e ressentimentos, ela me toma pela mão e me conduz pelo caminho certo. 

Minha mãe questionou como eu consegui perder tanto peso (2kg) em apenas alguns dias.

"-a balança deve estar quebrada" e ela concordou.


Os truques e todos os segredos, nada disso importa. 
Apenas fico feliz por estar na primeira meta.  


Eu quero continuar sendo o vazio,




                                 Pois você é o que come afinal de contas. 


20 de janeiro de 2021

Retrospectiva tardia

 A guia "sobre" continua vazia desde 2015.


Eu pensei que pudesse preencher esse espaço com algo interessante sobre mim ao longo dos anos, mas sempre foi dexado de lado porque as melhores histórias não são contadas no meio do caminho. Mas, mesmo depois de quase seis fucking anos, eu ainda continuo no meio do caminho...buscando por um desfecho onde tudo se encaixa perfeitamente, inclusive eu.


Infelizmente a vida é mais caótica do que uma partida de Tetris.


...


Ainda existem inúmeros acontecimentos a serem contados aqui, as coisas vieram acontecendo e foram ignoradas - assim como mensagens, ligações, até sentimentos.


Vivendo em um persongem, até onde a máscara aguenta? Eu não quero desistir da atuação, mas quanto da sua saúde mental você sacrificaria pra não mostrar algo que nem sabe sobre si mesmo? 


Devido a essas e outras questões, faz quase um ano que eu não falo com C. 


Tem uma história muito grande por trás de tudo que eu nunca contei por medo/desconforto. Nos meu flashes de memória tem sangue no chão e a lente do óculos foi estilhaçada com um soco, alguém da rua deve ter chamado aquela viatura. No carro do meu padrasto, eu voltei pra casa gritando, eu não lembro o que extamente. 


Uma sensação caótica de desabafo sobre o pior dia da minha vida. Uma longa história para outra oportunidade. 


Mas por causa dessas e outras merdas que eu segui lutando por um personagem estável, em muitos aspectos, ao invés de lidar com o que quer que seja. (Ou quem quer que eu seja). 


...


Academicamente as coisas subiram de nível. Em uma organização estudantil, relatórios e e-mails de âmbito nacional e Internacional ocupam todo o meu tempo e memória, e todo esse stress não é remunerado. Apesar disso, também consegui realizar algumas publicações no meio científico - o que foi gratificante mesmo sendo meu penúltimo (agora último) ano no curso. Alguns alunos me procuraram durante o semestre, fazer algumas provas e trabalhos me rendeu um pouco dinheiro. 


Já no âmbito pessoal as coisas foram ladeira abaixo. Descuidei do peso e da aparência, assim minha mãe não faz cerimônia em dizer todos os dias o quão estou gorda e embora isso me deixe externamente incomodada o que ela diz é a verdade. 


Saudades de me exercitar todos os dias, agora eu sou um rato de computador - escrevendo, desdenhando e procrastinando.  Não nessa ordem, nem nas mesmas proporções. 


Minha mãe me comprou chá diurético, eu vou aproveitar isso mas eu estou indo devagar porque eu não quero correr e cair...



 eu quero andar e ir mais longe. 

6 de outubro de 2020

i love people who don't exist



Eu amava meus amigos, mesmo que essas pessoas não fossem meus amigos de verdade.

Eu amava alguém, mesmo que esta pessoa só quisesse me usar.

Eu amava a minha família, mesmo que tenham me quebrado.

Tudo era melhor na minha mente, mas quando estou sozinha eu posso ver a verdade. Eu amei gente que existia, e isso me fez duvidar se eu mesma era real.



Agora

Eu amo os corpos esqueléticos, mesmo com Photoshop e as outras mentiras

Eu amo os personagens das histórias que eu leio

Eu amo a personalidade que eu criei pra mim

Agora, eu amo gente que não existe, mas que nunca poderia me machucar

Me sinto melhor assim.