3 de julho de 2020

Fucking Melancholic Butterfly


Eu não consigo reconhecer o corpo que deveria ser meu da mesma forma que não reconheço nenhuma das ações que tomo ao longo dos meses. Todo dia mais do mesmo, ainda sinto que estamos janeiro embora já seja julho. Durante a madrugada eu volto para o caos de 2013. 

O desfecho da última vez que estive aqui foi que: eu me deparei com 65 quilos, peso suficiente para quebrar a minha mente e fazê-la surtar. Então eu vivi uma vida diferente, escondida debaixo dos livros e do EaD, agindo como se não tivesse nenhum transtorno e querendo se enforcar todas as noite antes de dormir. "Porque ainda está aqui?" Eu não sei. Todas as noites uma batalha contra minha mente e a sensação de ganhar é bem pior do que realmente perder. "O que você vai realmente perder?" Eu não sei também.

Eu desvio meus pensamentos com notas mentais noturnas e também aquelas que tomo ao longo do dia no papel. Este papel não é apenas para as palavras, os traços incertos formam um desenho e de forma discreta foi assim que passei a me expressar durante estes meses. Sem ninguém para ver ou ouvir. Eu não queria mesmo existir. 

Faz algumas semanas que me rendi aos exercícios diários comida e 800 kcal/dia. Eu nunca decidi de fato me "curar", da mesma forma que não decidi partir - mas meu corpo toma ações de forma inconsciente para sobreviver enquanto eu tento matá-lo de fome. 

Eu quero morrer. Só que do jeito certo.