11 de janeiro de 2020

Entre o passado e o presente


Em algum momento da infância ganhei um vestido de alças estampado com flores, no qual eu realmente havia gostado - muito. Mesmo. O usei, até que *pessoa* disse a minha mãe que parecia "um saco de batatas mal amarrado" enquanto apontava o dedo para mim, que estava bem ao lado deles. *Pessoa* não fez discrição no tom de voz e ela não discordou na hora ou sequer protestou quando dei o vestido à minha prima(magra) - provavelmente por ter a mesma opinião de *pessoa*.
 Nunca entedi aquele sentimento remanescente, porém eu entendi o motivo de todos elogiarem a outra garota naquele vestido. 

Talvez uma das piores épocas tenha sido morar com essa garota, uma vez que nossas mães rivalizavam no estilo passivo-agressivo e estimulavam essa competição feminina. Ela sempre se destacou em ser bonita, os fotógrafos lhe ofereciam books e todos queriam ser seus amigos. No meu caso, os meus  "pontos" eram sempre por ser boa aluna e educada com adultos. Foram alguns anos em que a mãe dela eram os ouvidos que ouviam os meus sonhos e os realizava - para a própria filha, é claro. 

Hoje em dia não há ódio pela garota, mas não é porque ela está acima do peso.

 É porque eu posso reconhecer o que fizeram com nós duas.

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As coisas iam bem mas quando  a minha mãe voltou com as pizzas, ontem, não houve outra solução a não ser miar.
Depois disso eu não comi nada até o presente momento... hoje de manhã eu percebi que estou fazendo um NF involuntário.

19h e contando... 

6 comentários:

  1. Incrivel como as pessoas tem o dom de estragar tudo. Tu gostava do vestido, se sentia bem nele, e por causa de um ser, tudo foi por água abaixo. :(
    Força Ami,tu és uma linda borboleta

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    1. É verdade, isso é bem triste
      Mas obrigada pela visita, de coração!

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  2. O fato mais engraçado, é que essas humilhações sempre passam despercebidas mesmo na nossa própria família. É muito engraçado também o fato de que nós nem escolhemos ter que nascer naquela determinada família, e já temos que AMAR aquelas pessoas. Essa ideia é bonita, mas não é verdade.
    Vemos pessoas que deveriam nos amar nos maltratando na maioria dos casos.

    Em relação a sua família... Já notei que ela é escrota como a minha. Fazer o quê? Nem eu mesma sei.

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    1. Seria uma síndrome de Estocolmo normalizada e generalizada? Eu realmente não sei...

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  3. Eu sinto muito que tenha passado por esse tipo de comentários na infância, Ami... Digo isso por saber bem como é o sentimento. Eu sempre fui uma criança acima do peso, "fofinha" - como diriam os adultos, os mesmo que diziam que eu estava gorda. Lembro de quando já nem era mais tão criança assim, deveria ter uns 9 anos... E a mulher de um amigo do meu pai (ambos eram como se fossem da família), me presenteou com um shorts da Barbie, o qual sempre sonhei poder usar, mas obviamente não tinha corpo para isso... E ela me chamou de gorda, daquela maneira "sutil" que só os adultos sabem fazer diante de crianças, pensando que não percebemos o real sentido das palavras... Enfim... Algumas pessoas seriam mais agradáveis se permanecessem de boca fechada.

    Espero que as coisas estejam indo bem para ti. ♥

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    1. Você tem razão, existem coisas que não são necessárias dizer. Eu sinto muito que tenha que ter passado por isso também, é triste...
      Mas obrigada pela visita ♡

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